quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O Empirismo - 1ºA


" Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela será suprida? De onde lhe provém esta vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela como uma variedade quase infinita?De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra: da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento. Empregada tanto nos objetos sensíveis e externos como nas operações internas de nossas mentes,que são por nós mesmo percebidas e refletidas,nossa observação supre nosso entendimento com todos os materiais do pensamento. Dessas duas fontes de conhecimento jorram todas as nossas ideias ,ou as que possivelmente teremos.
Primeiro, nossos sentidos, familiarizados com os objetos sensíveis particulares, levam para a mente várias e distintas percepções das coisa, segundo os vários meios pelos quais aqueles objetos a impressionaram. Recebemos, assim, as idé ias de amarelo, branco, quente, frio, mole duro, amargo, doce e todas as ideias que denominamos qualidades sensíveis. Quando digo que os sentidos levam para a mente,entendo com isso que eles retiram dos objetos externos para a mente o que produziu estas percepções. A esta grande fonte de maioria de nossas ideias, bastante dependente de nossos sentidos, dos quais se encaminham para o entendimento denomino sensação.
A outra fonte pela qual a experiência supre o entendimento com ideias é a percepção das operações de nossa própria mente, que se ocupa das ideias que já lhe pertencem. Tais operações,quando a alma começa a refletir e a considerar suprem o entendimento com outra série de ideias que não poderia ser obtida das coisas externas, tais como a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar, o conhecer, o querer e todos os diferentes atos de nossa próprias mentes.
(...) Mas, como denomino a outra de sensação, denomino esta a reflexão: ideias que se dão ao luxo de serem tais apenas quando a mente reflete sobre as próprias operações.


LOCKE, John. "Ensaio acerca do entendimento humano". Tradução de Anoar Aiex e E. Jacy Monteiro.IN: Coleção Os Pensadores, São Paulo: Editora Nova Cultural, 1983. p. 159-160



Atividade 


1- Explique como, de acordo com as observações a respeito de Locke, podemos melhorar a nossa capacidade e aprender cotidianamente e na escola. Utilize as palavras Sensação e Reflexão para efetuar sua explicação.

2- Faça um relato de um momento da sua história escolar onde você de fato aprendeu algo, utilizando os termos sensação e reflexão para explicar isto.